O regresso às aulas vai trazer, para cerca de 30 mil alunos dos 3º, 6º e 9º anos, a realização de provas para avaliar como estão as aprendizagens nas áreas de Matemática, Ciências e Leitura.
Com arranque marcado para a próxima quarta-feira, o Diagnóstico de Aferição das Aprendizagens foi preparado em moldes semelhantes a outros estudos internacionais, como o PISA, e tentará avaliar o impacto do ensino à distância no nível de preparação dos alunos.
Uma das conclusões mais positivas do primeiro período é o facto de as escolas se terem mantido sempre abertas e com níveis controlados de surtos, muito longe dos cenários de caos temidos por pais e professores no arranque das aulas. Falharam seguramente muitas coisas que teriam ajudado a reforçar a segurança de todos (como a redução do número de alunos por turma), mas os professores - classe muito envelhecida e com elevada percentagem de pessoas de risco - deram uma lição de civismo e entrega que permitiu ganhar algum do tempo perdido no último ano.
Sabemos, contudo, que nem todas as crianças tiveram a mesma rede, as mesmas condições de estudo, as mesmas oportunidades de acesso. Tal como nem todas as escolas trabalharam à mesma velocidade e será interessante perceber, nas conclusões do estudo cuja divulgação está prevista para março, a relação entre os resultados e as metodologias utilizadas por cada estabelecimento.
Será inevitável que os meses de aulas não presenciais tenham causado estragos. Mas não pode haver qualquer receio de os medir e de os encarar de frente, porque só isso poderá apontar as receitas adequadas para melhorar. Nesta matéria não pode haver qualquer demagogia - nem do Governo, nem da Oposição. A escola tem uma função demasiado importante (inclusivamente social) para descurarmos a qualidade das aprendizagens. Garantindo que o lema tantas vezes repetido por António Costa não é um mero chavão, mas um objetivo levado a sério: garantir que ninguém é deixado para trás.
Diretora do JN
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