Estão 17 graus e chove, abundantemente, lá fora. À minha frente, tenho os meus alunos. Todos de máscara, claro. Um frasco de álcool em gel. Dos grandes. E toalhetes. As janelas estão todas abertas. As portas também. Na minha escola as correntes de ar mandam mais do que ninguém. Receio que esta ideia de criar condições para que um vírus não se intrometa entre nós e as aulas seja generosa. Mas se com 17 graus já é impraticável conciliar o frio, as correntes do ar e o barulho da rua quando se dá aulas, pergunto-me o que irá acontecer, depois, quando a temperatura cair. Estaremos todos mais “arejados”; sem dúvida. Mas as probabilidades de ficarmos constipados não pararão de aumentar. "No covid; only gripe". Talvez seja mais esta a palavra de ordem.
No entretanto, todos vamos escutando que o "sistema" funciona. Mas não é verdade. O sistema "desenrasca" soluções. Com voluntarismo. Com as melhores das intenções. Mas engana-se quem dá a entender que tudo funciona de forma quase normal. Não é verdade! Tudo funciona, de forma quase inacreditável, dentro duma anormalidade de condições que não param de aumentar. Com os professores a darem o melhor de si. Sem as condições mínimas indispensáveis para que o seu trabalho seja consequente. Mas a quererem - muito! - ensinar. Com os alunos a condescenderem com tantos obstáculos à sua aprendizagem que os tornam n’ "o exemplo" de educação para a cidadania. Que nos devia levar, a todos, a olhar para eles. E com os pais, no meio das suas mil preocupações, a esperar que ninguém se magoe demais, no meio disto tudo. Mas - hoje, mais do que nunca - para além de esperarem que a escola aconchegue os seus filhos a zurzirem-lhes aos ouvidos para que o seu "amor à camisola" não lhes permita ir só de t-shirt para a escola. Hoje, mais do nunca, a palavra de ordem das mães será: "Agasalhem-se!!!!". Mal sabem aqueles que não estão na escola porquê.
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