Resultados "desastrosos" nas provas de aferição: "alunos sabem que "não servem para nada"

Resultados ″desastrosos″ nas provas de aferição: ″alunos sabem que ″não servem para nada″ (tsf.pt)

Maioria dos alunos que fizeram provas de aferição este ano letivo obtiveram resultados negativos em todas as disciplinas avaliadas.

Os resultados das provas de aferição dos alunos do 2.º, 5.º e 8.º anos no ano letivo 2022-2023 – conhecidos este mês – foram “desastrosos”. O alerta é deixado esta terça-feira por vários professores no Diário de Notícias.

No 2.º ano foram testados os conhecimentos de Português, Matemática, Estudo do Meio, Educação Artística e Educação Física, mas os alunos apenas atingiram os objetivos na Educação Artística. Na Matemática os resultados são negativos em todos os domínios e na disciplina de Português 48,1% dos alunos conseguiu realizar as tarefas propostas no domínio da Oralidade, mas nenhum outro parâmetro foi além dos 20% de positivas.

No 5.º ano de escolaridade, apenas 14,2% dos alunos não revelaram dificuldades na oralidade; 5,2% na leitura; 8,7% na gramática e 17,4 % na escrita. Em História e Geografia de Portugal foram avaliados três conteúdos e em nenhum a média foi positiva, com menos de 3% de notas positivas a nível nacional. Educação Física é a única disciplina com notas positivas.

Mais de metade dos alunos de 8º. ano apresentaram dificuldades em quase todos os domínios avaliados nas disciplinas de Ciência Naturais e Físico-Química. Os resultados foram igualmente negativos na Matemática, onde apenas o parâmetro de “Organização e tratamento de dados” teve cerca de 20% de positivas.

Em declarações à TSF, Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), lamenta que só em janeiro, depois das férias de Natal, seja possível fazer uma avaliação mais profunda, uma vez que as notas só chegaram à escola no passado dia 15, apesar de as provas terem sido realizadas nos meses de maio e junho do ano letivo passado.

“Melhor seria que os resultados tivessem chegado às mãos dos diretores, às mãos dos professores, no arranque deste ano letivo, porque logo ali, em setembro, há cerca de uma semana, semana e meia, para prepararmos da melhor forma o ano letivo que na altura está a iniciar-se e desde logo poderíamos arranjar estratégias para ultrapassar as dificuldades que os resultados das provas de aferição apontaram.”

Ouvido pelo Diário de Notícias, Paulo Guinote, professor de História e Geografia de Portugal de 2.º ciclo, considera os resultados “desastrosos sob qualquer perspetiva”, o que, defende, pode ser atribuído ao desinteresse dos alunos: “Sabem que estas provas não servem para absolutamente nada no seu trajeto escolar e o seu empenho é muito baixo”, aponta, revelando que muitos estudantes fazem pouco mais do que colocar o seu nome no teste.

“Este modelo de aferição das aprendizagens é inconsequente, apenas fazendo perder tempo e recursos”, condena.

Já a vice-presidente da associação dos professores e História e Geografia de Portugal, Marta Torres, descarta o desinteresse dos alunos como justificação dos resultados serem tão baixos.

Marta Torres defende que estas provas são importantes para compreender as dificuldades dos alunos em assimilar os métodos de ensino. “Conta para o aluno, para perceber o que é que aconteceu; conta para o professor desse mesmo aluno, conta para a escola, para o agrupamento e contra a nível nacional”, considera.

Questionado pela TSF, o Minstério da Educação não comenta os resultados avançados pelo Diário de Notícias, mas promete tornar pública essa informação muito em breve.

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